Sebastião José de Carvalho e Melo

Esta primeira série 'Século XVIII' de JRICARDO, realizada no início de 2013, tem como personagem principal Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal e Secretário de Estado do Rei D. José I. Homem de mão de ferro, é uma referência carismática de Estadista, caso quase único na nova organização de Estado em Portugal. Mas é também, uma figura polémica que ainda hoje divide a sociedade portuguesa. De um lado, os que o consideram um herói, homem único e representante do iluminismo. Do outro os que o vêem como um representante do terrorismo de Estado. Mas, para  o “mais velho” nacionalista angolano Jaime de Sousa Araújo, a causa destes ataques radica numa atitude racista fundamentada na ignorância das origens da maioria dos portugueses e registada no livro de Luís Ramos Tinhorão, “Os Negros em Portugal — uma presença silenciosa”, publicado no século XVIII, e no livro de António Luís Ferronha, “O Tropicalismo Luso ou a maneira Africana de estar em Portugal” (ver texto “O Quinto Neto da Rainha Ginga”, de Filipe Zau, publicado no Jornal de Angola em 27 de Abril de 2010 [ver texto]) que afirma que o Marquês de Pombal, apesar da sua pele branqueada, descendia de uma escrava chamada Mãe Marta, com base num soneto anónimo, reproduzido, em 1879, por Fortunato de Almeida.


O palco como espaço de representação

Para Roland Barthes, a fotografia é uma construção teatral, tal como escreve no livro “A Câmara Clara”: “Não é, no entanto (parece-me), pela Pintura que a Fotografia participa na Arte, é pelo Teatro”, e afirma mais, “Mas se a Foto me parece mais próxima do Teatro, é através de um circuito singular (talvez seja eu o único a vê-lo): A Morte. É conhecida a relação original entre o teatro e o culto dos mortos; os primeiros actores distinguiam-se da comunidade ao desempenhar o papel de mortos; caracterizar-se era apresentar-se como um corpo um corpo simultaneamente vivo e morto; busto embranquecido do teatro totémico, homem de rosto pintado do teatro chinês, maquilhagem com base na pasta de arroz do Katha Kali indiano, máscara do Nô japonês. Ora é esta mesma relação que eu encontro na Foto; tãull ‹o viva que se esforçam por a conceber (e esta fúria de tornar vivo só pode ser a degeneração mítica de um receio da morte), a Foto é como um Quadro vivo, a figuração do rosto imóvel e pintado sob o qual vemos os mortos.”


A máscara como traço cultural

Presente na representação, a máscara faz a ligação às origens africanas e ao maior reino do mundo na altura, o reino do Congo, e em particular ao reinos Matamba e Ndondo que vão fundir-se e dar origem ao reino N'Gola. Palco de um processo de aculturação, com a criação de Angola a régua e esquadro pelos portugueses. Mas a máscara não é só cultura, é também uma representação social. Jean Genet na peça de teatro “Les Nègres”, onde os actores negros aparecem com a cara pintada de branco, escreveu: “...Que tom adoptaria um negro para se dirigir a um público branco? Vários o fizeram. Ora encantadores, ora reivindicadores, indicavam o seu temperamento singular. Eu próprio, falando com um negro, não sei que lhe dizer e como dizê-lo: só consigo distinguir o indivíduo particular e com ele entro em sintonia. Mas se tivesse de me dirigir a um público de negros, recusar-me-ia a fazê-lo. Perante eles, teria a sensação demasiado aguda de que a Brancura quer falar à Negritude. É preciso ser-se muito louco ou muito cobarde para aceitar semelhante diálogo. Semelhante sermão, melhor dizendo. E falar não seria porventura o mais arriscado; onde iria eu, Homem-Branco, buscar a emoção capaz de engendrar o mito que os pudesse sacudir?...”




Série 01-2013

Sebastião José

de Carvalho e Melo

“Torna, torna marquês à Mata Escura

Solar do quinto avô, o arcediago,

Que da mãe Marta, por seu negro afago

Em preto fê cair tua ventura. (…)

Foste tenente rei da nossa Atenas,

Inspector do erário que bem pinga,

Vice papas nas leis, que injusto ordenas.

Amigos, e que tal? Cheira a catinga?

Pois é quem governou por nossas penas

Um quinto neto da rainha Ginga”

Soneto de 1879


Século XVIII

Sebastião José de Carvalho e Melo

CPrint - 2013

Papel: Hahnemühle German Etching de 310grs

Formato: 30 x 30 cms

Tiragem: 30 exemplares + 3 PA

Formato: 60 x 60 cms

Tiragem: 10 exemplares + 3 PA


Papel: Cold Press Bright Withe de 300grs

Formato: 100 x 100 cms

Tiragem: 3 exemplares + 1 PA


Edição Certificada: ALBUNS PHOTOGRAPHICOS

Todas as edições são numeradas e assinadas pelo autor. As impressões são coladas em suporte rígido de PVC 3 ou 5 mm

Século XVIII

Sebastião José de Carvalho e Melo

Livro - 2013

Formato: 30 x 30 cms

Capa Dura e Sobre Capa

140 páginas de miolo a cores

Tiragem: 10 exemplares + 2 PA + 1 Depósito Legal

+ prova em papel no formato 30x30cms em papel Hahnemühle German Etching de 300grs. Data de lançamento: 2014

http://www.jricardo.eu/projectos/secxviii/sebastiao/index.html

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